ALLE VOLTE ANCHE I POETI
Alle volte anche i poeti
mentono.
Mentono con i fiori
e mentono con i cuori.
Alle volte anche i poeti
mentono.
Mentono con le albe
e mentono con i tramonti.
Mentono con gli eterni autunni
e con le promesse primavere.
Alle volte anche i poeti
mentono,
con gli ermi colli
e con i mari dolci da naufragare,
mentono con gli insetti in becco
e con le bambole in dono,
con le tamerici
e con i pineti.
Mentono con le mattine d'immenso
e con i meriggi pallidi e assorti,
che poi tanto ed è subito sera.
Mentono con i cinqui maggi
e con tutti gli altri giorni,
mentono con i sabati al villaggio,
con i mercoledì a Cesena,
mentono con le foglie in attesa,
con i limoni,
con i milioni di scale
da scendere,
mentono.
Alle volte mentono,
però, dai...
cioè...
rispetto all'ultimo modello...
al nuovo ultimo modello...
rispetto al top di gamma...
ai schei...
cioè...
per me...
è un bel mentire...
è bello, dai!
...per me.
POR
VEZES ATÉ OS POETAS
Por vezes, até os poetas
mentem.
Mentem
com flores
e mentem com os corações.
Às vezes até os
poetas
mentem.
Mentem com o nascer do sol
e mentem com o pôr
do sol.
Mentem com os outonos eternos
e com primaveras
prometidas.
Por vezes, até os poetas
jazem
com os montes
hermeneutas*
e com mares doces a naufragar,
deitam-se com
insectos no bico
e com bonecas de presente,
com tamargueiras
e
com pinhais.
Deitam-se com manhãs de imensidão
e com os merigues pálidos e absorvidos,
que logo
depois é noite.
Deitam-se com os cinco quintos de maio
e com
todos os outros dias,
com os sábados na aldeia,
com as
quartas-feiras em Cesena,
com as folhas que esperam,
com os
limões,
com os milhões de escadas
para descer,*
mentem.
Às
vezes mentem,
mas, vá lá...
Quero dizer...
comparado com o
último modelo
com o novo modelo mais recente...
comparado com
o topo de gama...
com os chips...
quer dizer...
para
mim...
É porreiro,
é bom, vá lá!
...para mim.
* todas as citações mais ou menos estranhas de alguns dos mais famosos poemas italianos